5G: Veja como escapar das armadilhas cibernéticas nos serviços financeiros on-line

16/12/2021

RIO — Com dispositivos móveis turbinados pelo 5G, consumidores terão mais incentivos para usar o celular em compras e pagamentos. As facilidades aumentam também a exposição aos riscos cibernéticos, como o vazamento de dados, ataques digitais e uma série de golpes.

Por isso, especialistas em cibersegurança alertam que o mergulho no mundo das finanças virtuais deve ser acompanhado de uma cultura de prevenção.

Os ciberataques de cunho financeiro são os preferidos dos criminosos no país. Em 2022, os métodos devem se sofisticar ainda mais com o interesse crescente de hackers por dados de usuários de serviços digitais, aponta Dmitry Bestuzhev, diretor de Pesquisa e Análise da Kaspersky na América Latina.

Meios de pagamentos digitais devem se manter atraentes para fraudadores, e a adoção do sistema híbrido nas empresas, com parte das equipes em home office, seguirá favorecendo ataques a redes corporativas com iscas virtuais como links maliciosos (phishing) e softwares piratas.

Alvos preferenciais

Bestuzhev diz que, em vez dos ataques em larga escala, a partir do próximo ano os alvos serão escolhidos a dedo, especialmente no caso do ransomware, quando hackers invadem e sequestram bancos de dados:

— Quando falamos em proteção é imprescindível criar uma cultura de cibersegurança, seja em casa ou no trabalho. Muitos apostam apenas em antivírus, o que é como proteger uma casa apenas com um pequeno cadeado. Além de uma solução confiável, é preciso estar atento e trazer a questão da segurança digital para o dia a dia.

Claudio Miranda, sócio especialista em Direito Empresarial da CGV Advogados, observa que o avanço tecnológico aumenta o potencial de fraudes ao ampliar a escala de usuários ativos na internet. Além disso, crê que toda novidade traz aos oportunistas novas possibilidades de golpes baseados em engenharia social, em que a pessoa é levada a clicar num site falso ou a compartilhar espontaneamente dados, acreditando que vai receber alguma vantagem.

— A fim de se proteger, respeite as regras de ouro de não compartilhar senhas, nem inserir dados em sites suspeitos. O banco nunca irá pedir uma foto do seu cartão porque já tem todas as informações de que precisa — alerta Miranda.

O 5G promete conectar muito mais que computadores e celulares. A Internet das Coisas vai ampliar o número de aparelhos conectados, como uma cafeteira em casa, sensores numa ferrovia, uma central de oxigênio no hospital ou uma máquina na indústria. Hackers poderão tentar controlá-los remotamente.

— Hoje, há novos e poderosos antivírus, conhecidos pela sigla EDR (endpoint detection and response), que podem auxiliar, e muito, na identificação de ameaças virtuais, evitando vazamentos de dados — diz Guilherme Braguim, das áreas de Proteção de Dados e Direito Digital do ASBZ Advogados.

A diretora jurídica da Russell Bedford Brasil, Vitória Bernardi, alerta que, ainda que o 5G facilite a coleta de dados, não se deve fazer isso de forma desenfreada e sem um programa governança consistente:

— Não basta apenas instituir políticas de gaveta, sem a real aplicação das orientações de boas práticas ou treinamento dos profissionais envolvidos.

A Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) determina que empresas que coletam dados tenham estrutura em conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).

Em nota, a ANPD afirmou que o 5G traz “novas oportunidades para a economia brasileira na exploração, criação e disponibilização de novos serviços às empresas e aos cidadãos brasileiros. Ainda que seja uma inovação, seu uso precisa ocorrer nos limites da lei, inclusive a referente à proteção aos dados pessoais.”

Cecilia Choeri, do Chediak Advogados, avalia que os brasileiros já estão mais atentos aos riscos digitais e não vê maior vulnerabilidade no 5G:

— A LGPD é avançada, o público está compreendendo o alcance dela e seus direitos. O Brasil está cada mais preparado para lidar com isso.

Três dias para escapar das armadilhas

Desconfie sempre

Thiago Bordini, líder de Cibersegurança na consultoria Axur, recomenda cautela com promoções vantajosas demais, estratégia comum de sites de vendas falsos. Se for golpe, o barato sai caro.

Confira a reputação

Leia com atenção a URL completa para ver se o portal é de uma empresa verdadeira. Confira o CNPJ. Busque avaliações em sites de reclamações ou redes sociais.

Não compartilhe dados

Não repasse dados do seu cartão de crédito ou fotos de seus documentos a terceiros. Prefira usar o cartão virtual gerado no app de seu banco. Ao se cadastrar no site de e-commerce, não use senha similar à do seu e-mail ou banco.

Publicado por O Globo

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