INSURETECHS DEIXAM O SANDBOX PARA ATUAÇÃO NO MERCADO TRADICIONAL

15/08/2022

A Iza será a segunda insurtech que deixará o “sandbox” da Superintendência de Seguros Privados (Susep) para se tornar uma seguradora independente. A empresa segue o exemplo da Pier, que solicitou a licença definitiva do regulador no fim do ano passado. Em duas edições do programa que cria um ambiente experimental no setor, a autoridade do mercado de seguros selecionou 32 projetos, que terão até três anos para atuar com menor custo regulatório e mais flexibilidade para inovar.

anto a Pier quanto a Iza fizeram parte da primeira turma do sandbox em 2020, ao lado de outras nove empresas. Na segunda edição, em 2021, a Susep escolheu mais 21 startups de seguros. Dados da Insurtech Brasil, uma entidade de fomento à inovação aos seguros no país, apontam que seis empresas estão operando (os dados consideram a Iza nesta lista), cinco estão em fase de homologação e 14 aguardam aprovação dos documentos pelo regulador, além da saída da Pier para uma licença definitiva. Em 2020, houve uma desistência: a Komus, do segmento de aparelhos eletrônicos como celulares, notebooks, tablets e câmeras, decidiu dedicar-se à parceria com a seguradora Essor. Meses depois, foi incorporada pela insurtech Pitzi. Da turma do ano passado, o projeto da Inteligente, voltada para seguro auto, foi arquivado.

O sandbox pretende mudar o cenário de pouca inovação do mercado de seguros, segundo o advogado Ilan Goldberg, sócio do escritório Chalfin, Goldberg, Vainboim. Parte disso ocorre pelo fato de que o mercado precisa de participantes maduros que passam a confiança de que os clientes terão os recursos prometidos quando necessário. Ao mesmo tempo, as mudanças na economia e a evolução tecnológica impõem mudanças. “As insurtechs não geram concorrência com o mercado tradicional porque precisam apresentar projetos inovadores. Elas oferecem vários produtos que não existiam”, disse.

A Iza opera desde abril de 2021, e o foco inicial são os entregadores das empresas de delivery, dentro de um universo de 45 milhões de trabalhadores autônomos no Brasil que não possuem proteção. As contratações de seguros aceleraram depois que se tornou obrigatório que essas companhias ofereçam cobertura para esses prestadores ou funcionários, em janeiro, com a edição da lei 1.665. “O seguro ‘liga e desliga’, que é acionado no momento em que o profissional está trabalhando, é o diferencial da Iza”, diz o fundador da empresa, Gabriel de Ségur.

Antes da nova regulação, a Iza tinha três mil segurados. Agora, já são pouco mais de 40 mil pessoas que possuem cobertura da Iza, e a expectativa é ultrapassar 100 mil vidas em setembro. Pelas regras do sandbox da Susep, a insurtech pode trabalhar no ambiente inovador até o limite máximo de 70 mil apólices. Se os planos derem certo, a empresa deve fechar 2022 com 130 mil, já que há pelo menos duas conversas avançadas, segundo o executivo. E, depois dos entregadores, há planos para lançar produtos para motoristas de aplicativos, caminhoneiros e manicures. Também há conversas com fundos de venture capital para novos aportes, conta o executivo.

Em dezembro de 2021, a seguradora Pier informou que deixaria o sandbox para atuar como seguradora independente a partir deste ano. O movimento já estava nos planos da empresa quando recebeu, meses antes, aporte de R$ 108 milhões, em rodada série B.

“Com a entrada no mercado convencional, essas empresas vão concorrer em condições de igualdade com os principais participantes do mercado”, diz Goldfarb. Para o especialista, como carregam a inovação, podem chamar a atenção do mercado, a exemplo do mercado bancário, com fintechs e bancos digitais em meio às grandes instituições financeiras.

Os pedidos para licenças definitivas mostram que o sandbox tem alcançando o seu propósito para estabelecer um momento inicial para as empresas e reduzir a concentração do mercado, diz o fundador da Insurtech Brasil e diretor da Associação Brasileira de Insurtechs (ABInsurtech), José Prado. A Susep estabeleceu a segmentação das empresas do setor de acordo com porte e perfil de risco, a exemplo do que o Banco Central (BC) faz com as instituições financeiras, o que também facilita o estabelecimento das seguradoras de menor porte, caso das empresas que estão saindo do ambiente experimental.

“A Susep avalia com cuidado as novas seguradoras, e isso ajuda a dar credibilidade e assegurar a solvência do mercado segurador. O sandbox está cumprindo com seu papel de aumentar a competitividade é isso é ótimo para o mercado e para o consumidor”, diz Prado.

Publicado em Valor Econômico

 

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